Eu vim com a Nação Zumbi...

Garoto de Olinda que vendia Caranguejos a fim de arrumar dinheiro para entrar nos bailes funk, Francisco de Assis França promoveu em 1991 o encontro entre os integrantes de uma banda de rock chamada “Loustal” e um bloco afro de nome “Lamento Negro”. E assim, como uma fábula pop, surgia Chico Science & Nação Zumbi, uma das mais inovadoras bandas brasileiras, que apareceu no cenário nacional com músicas como “A Cidade” e “A Praieira”, do disco manifesto “Da lama ao Caos” de 1994. Com tambores, rap-repentes, grooves funkeados, e guitarras pesadas, o CSNZ despertou comparações com a Tropicália – e Gilberto Gil chegou a gravar na música “Macô”, do segundo disco, “Afrociberdelia”, de 1996. Na velocidade da internet, seu som rapidamente se espalhou pelo mundo, levando o grupo a se apresentar em festivais no Estados Unidos (no nova-iorquino Summerstage) e na Europa. Quando despontava como o nome de maior repercussão internacional da moderna música brasileira, veio outra das irreparáveis perdas da música nacional. Pouco antes do carnaval, no dia 2 de fevereiro de 1997, Chico morreria num acidente automobilístico. A Nação Zumbi, consternada, chorou e seguiu em frente, pois a semente estava plantada e não havia mais o que temer.