Os demônios do Casão
Ricamente
ilustrado, com um caderno recheado de fotos, a publicação tem prefácio de
Marcelo Rubens Paiva, amigo de sempre, que endossa a hipótese de que tantas
coisas boas, e outras tantas ruins, que permearam a vida do ex-jogador dariam
um bom roteiro para um livro. “Casão faz questão de contar o inferno que viveu
quando era viciado em drogas e sua internação, pois para ele é fundamental
passar adiante a experiência, dividir as dores da dependência e alertar para os
perigos de um vício frenético, sem preconceitos, desvios ou mentiras. A verdade
ajuda a sanidade”.
Capa da biografia do ídolo Casagrande |
Na
publicação, Casagrande faz revelações inéditas como, por exemplo, o doping que
sofreu quando jogava na Europa. Mas foi na Europa que, em quatro situações,
Casagrande foi obrigado a se dopar pelo clube em que jogava. Tomou uma injeção
de Pervitin no músculo. “Isso realmente melhorava o desempenho, o jogador não
desistia em nenhuma bola. Cansaço? Esquece... se fosse preciso, dava para jogar
três partidas seguidas”, conta. No entanto, o jogador era radicalmente contra o
doping e se negou a continuar fazendo uso da droga. Foram oito anos na Europa,
até ele voltar a atuar no Brasil.
Casagrande via seu
cotidiano sempre em evidência, não só por ser um ídolo no clube e na seleção
brasileira, e por sua atuação política. Na época da ditadura militar, mantinha
longos cabelos despenteados, usava jeans puídos e camisetas com slogans
políticos. Desde menino, Casão fixava sua atenção nos rumos dados pelo governo,
era contra a prisão arbitrária de oposicionistas ao regime, filiou-se ao PT
quando o partido ainda era uma legenda nova – e é lulista convicto até hoje.
Foi, então, com naturalidade que fez parte da Democracia Corintiana, encabeçada
pelos jogadores Sócrates, Wladimir e Zenon. Para além da autogestão implantada
no clube, em que jogadores, comissão técnica e diretoria tinham poder de voto,
os esportistas usavam camisetas em que exibiam apelos políticos, como
Diretas-já.
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