segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Santinha Moura virou história

Para ler ouvindo: Acabou Chorare, com Os Novos Baianos do CD Acabou Chorare de 1972.

Foi uma sensação estranha, mas esses dias cheguei no Centro de Saúde e percebi que algo estava errado, quando reparei mesmo o que era deu até uma dor no meu coração. Só tinha uma parede com uns fios de eletricidade no lugar aonde era a escola Santinha Moura.
Putchaquelaspária, cresci ali naquela rua, naquela beco, naquela travessa, a Irmã Le Conte. Brinquei muito naquela escola, inclusive aos finais de semana, quando eu entrava pelo telhado e pulava lá dentro para abrir as janelas do salão vermelho e toda a galerinha do beco poder entrar também para brincar. Em noites de verão, o beco fervia, e a galera brincava de esconde-esconde (no bom sentido) e o parquinho era phoda, quem entrava lá, demorava pra ser achado e quase sempre “salvava todos”.
Estudei ali, nem me lembro de todas as professoras, devo ter começado ali muito cedo, mas me lembro da última professora, a tia Popô, hoje primeira dama - e talvez uma das responsáveis pela demolição. Era o prézinho que tinha eu, o Côco, o Dogrinha com o Daniel Shorusgol, o Diego, o Vaguinho, que de tão nanico, ficava na ponta dos pés para entregar seu caderno na mesa da professora. Coitada dela, quando saia da sala para buscar o mimeógrafo (uma espécie de máquina de Xerox das antigas), se alguém fizesse alguma bagunça, a galera em peso começava o coro: “vou contar pra tia... vou contar pra tia...” e logo estava a tia na porta, xingando todo mundo, pois a esta altura, a bagunça não era só de uma ou duas pessoas, era da sala inteira.
Depois, um pouco mais crescidinho, usei o parquinho como motel e perdi meu cabaço ali... meio louco, mas era o único lugar seguro para se fazer isso naquela época, pelo menos eu achava que era. Paraibuna tem mudado muito, em nem sempre para o lado bom, sei que a “escolinha” foi embora para dar lugar a outro prédio que fará parte da história de outras crianças e adolescentes, espero que eles aproveitem cada momento como eu aproveitei. Às vezes não damos valor a nossa própria história, e o progresso chega atropelando tudo (ele é cruel de vez em quando) e nos esquecemos facilmente do que já vivemos de bom. As minhas “artes” na Santinha Moura e no Beco nunca saíram daquele canto especial do meu coração. Eu fui muito feliz ali.

Um comentário:

  1. Na Santinha Moura foi onde eu aprendi a seguinte música. "Eu sou a mônica, vc é o cebolina, vamos todos juntos, para escolinha. lá vem o cascão... ele é um sujão, suja toda escola, com seu papel no chão...
    kkk
    Depois de anos eu tava nesse beco escutando nervermind sem saber o que era, já vc sim, sempre foi fissurado por música.
    Agora eu percebi que ali foi plantada um semente rock-roll em minha kbç.
    Abç.

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